quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Revisitando : deixar-se revisitar (sur ma parole)

O Livro Sobre Nada
  • Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
  • Tudo que não invento é falso.
  • Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
  • Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
  • É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
  • Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.
  • Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
  • A inércia é o meu ato principal.
  • Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
  • O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
  • A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
  • Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
  • Por pudor sou impuro.
  • Não preciso do fim para chegar.
  • De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.
  • Do lugar onde estou já fui embora.

Manoel de Barros

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Estilística invencível

Um dia

controlar meus passos

hei ?

.

Donde estou não quero estar.
vontade
o motor impulsiona
e no instante seguinte
já não somos já não estamos já
não sabemos
e ainda assim
nenhum de nós ousa romper
com as entranhas da parole e
entrar no âmago
de suas infinitas possibilidades
, mas apenas
permanENTE
mente
quanto possível;
se:quer mentar
o frágil fio de mistério:
quer um nome, uma pegada, uma sensação de memória
que nos une
ao movimento anterior,
que nos leva
(repetidamente) as
entranhas,
às
estranhas

Um comentário:

Jimmy Charles Mendes disse...

Construíndo a desconstrução...Belíssima exposição do permanente.