segunda-feira, 20 de julho de 2009

movie scene "I know what you want"

Festa na sala de estar de alguém. Algo em torno de 20 pessoas, lugar meio apertado. No sofá, uma senhora meia-idade cabelos mal pintados Alzheimer. Fala de assuntos aleatórios e desconexos e pára pessoas para que conversem com ela e pede opiniões a respeito dos assuntos. Cena de constrangimento. Todos a evitam. Um casal apaixonado no canto o garoto fala em francês a garota em espanhol e repetem "Bom que você existe, bom você existir." Dois camaradas conversam sobre o Partido perto da mesa da comida tiram a conclusão de que a antiga esquerda dava as melhores festas. Uma criança aprendendo a falar sentada numa cadeira mais alta. Uma pessoa que ajuda a festa, senta no sofá, conversa, claramente desconfortável, mas que disfarça isso bem. Toca Motown. Fim da festa casa liga o rádio estação de música clássica mão cheia de pílulas pega um livreto para ler. A luz apaga.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Capitão Toqi.

"Eu consigo claramente ver a cabeça do capitão Toqi sendo esmagada por uma pedra ou uma enorme viga de ferro como as do prédio novo do New York Times. Eu consigo ver, está em seu rosto a dor a complexidade disso estampada em seu rosto torcido e não há quem possa fazer algo por ele. O capitão é um grande desbravador, empreendedor e visionário e não gostaríamos de perdê-lo em sua loucura pensando ser um grande desbravador, empreendedor e visionário. Por favor salve-o doutor."

Sinceramente,

Felix, o
zelador polonês
da Deli da 44th st.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Prova

o tédio não me toma enquanto sinto-me vivo

ele tamborilava o piano mudo tenso Bach

'spêri-ênçiash ou 'Amigo Blues'

mas me dôo, e isso já faz uns dias,
na iminÊncia da sua morte.

*********************estalam línguas
(e isso rejuvenesce).

A máquina contínua, pensando. Eu

tenho um pensamento em prosa

(ou seria ao contrário?):

"Mal sabia que havia acontecido. Mas havia. Ma Rainey pendurada no lustre e ele olhava, os gatos miando à sombra do corpo que valsava de leve no ar. Sabia sabia que havia esquecido de tomar os remédios e isso já quase acontecera umavez, dessa vez tinha acontecido. Chamou a polícia. Se entregou. as galinhas realmente esperavam que não precisassem dele, tentaram empurrrar o caso para qualquer outra ordem civil ou psiquiátrica, mas, no fim,levaram-no. A podreceu na prisão escrevendo livros de papel reciclável.
***
Rimbaud ria em sua cadeira confortável de veludo. "Velho detestável, esse Bach. Tem o que merece". em cada lado de sua cadeira, um Dylan Thomas o abanava com as mãos ainda com o suor de Ma rainey caindo pelos dedos. "Na pior das hipóteses, culpamos sempre os alquimistas".
Sua sombra desapareceu no corte da cena."

Rafael Lemos, 09-07-'09.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Aleatório

Eu me entrego
*************meu corpo
********************par
***********************te
-se

quando vislumbro o borrão
do brilho dos grãos de areia
da ferocidade da besta que se entrega
dos corpos certamente mais
uniformes
.

Na minha ausência
todo meu cuidado estético se revela
e se compromete
e inutilidades.
Existe o conforto
das unhas crescendo
dos cabelos caindo
dos vermes comendo meus músculos
que já não pulsam mais:

Permanecem restados nos ossos esfarelados e poeira de madeira enigmaticamente envolvidos pela terra.

E, na memória do sentimento morto
cabe o ataque involuntário
cabe o suicídio
cabe minha caveira dentro do armário.

Rafael Lemos, 07-05-'09.