domingo, 15 de agosto de 2010

nome

veneno em minha espalda, esse nome
que está gravado em minha medula
como ponta de punhal
navalha minha carne metal
ou o incêndio que sobe
pela minha garganta ferrugem sangue um sopro
pára em meus dentes e ressoa
mudo como pitangas
em meus lábios uma outra canção

um nome
e nessa palavra a fala das pedras
caída em esquecimento por ser mais por ser
tanto!, sua queda ecoa
a queda num poço sem fim
o envergar das asas da miséria infinita
que toca gentilmente cada ponto do quadrante
numa música perene que não se esquece
porque se sofre assim

o nome, traz o vento
com os restos de um incêndio
e o areal o bambuzal o laranjal que queimam
tornam-se as cinzas de cada dia
entre o calado olho na margem sanguínea da aurora
ao inevitável ocaso um pêndulo
onde convergem mil olhos, o dobro, na escuridão
porque é por ti, pelo nome, que até a morte
vigora o risco de ser completo


Rafael Lemos, 15-08-'10.

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