segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Línguas do Fogo / Incêndio II

O incêndio quando corre as veias
encinera a alma.
E não há reconstrução que dê jeito,
que conserte um coração,
que vá tornar
uma pessoa
mais feliz.

O incêndio, quando resolve por se acabar,
deixa o gosto de cinzas na boca
deixa o gosto de cinzas no corpo
deixa a cor cinza
naquilo que sobrou
deixa aquilo que sobrou cinza
para trás.

Não há a vida em que se ganha,
mas há aquela na qual não se enxerga.
Há as vozes que se perdem
porque não são usadas.

Porque no incêndio tudo se perde
no labirinto do fogo,
naquilo que queima e fica gravado
dentro dos pulmões
e
nunca
mais
se esquece
da dor
que percorre
cada
junta
nos dedos.

Porque não há aquele que ande sobre o fogo.

O incêndio apaga, a estrutura dessa casa
desaba.
Sem respostas.
Os restos não dizem nada.

O brilho das chamas economiza em palavras,
basta parar
e se encantar,
não precisa entender o motivo
daquilo estar brilhando
naquele lugar.

Não há o que resista ao fogo.
Para o bem, para o mal,
todos nele se atiram
e nele se afogam,
se engasgam com as cinzas,
são calados pelas labaredas,
são calados
pelos cacos de alma
que caem pesados sobre todos,
pedaços de Deus,
pedaços.

Pedaços
da língua
de espinhos
que não me escolheu,
não me envenenou,
mas mesmo assim,
minha árvore, aquela era pretensa
e arruinava a rua,
os vizinhos
& meu próprio quintal,
secou.
Secou junto de minh'alma,
que secou no incêndio.
Secou junto da minha voz,
que secou no incêndio.
Secou junto dos meus olhos,
que secaram
até estalar
no calor do incêndio.

E agora,
agora agora não resta nada.
Só as cinzas do incêndio.

Rafael Lemos. outubro vinte '08.


sf (lat fide) 1 Crença, crédito; convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção. 2 Crença nas doutrinas da religião cristã. 3 A primeira das três virtudes teologais. 4 Fidelidade a compromissos e promessas; confiança: Homem de fé. 5 Confirmação, prova. 6 Testemunho de certos funcionários que faz força nos tribunais; confirmação de um testemunho. F. conjugal: fidelidade que reciprocamente se devem os cônjuges. F. de carvoeiro: crença inabalável, que não tende a razões ou argumentos. F. de Cristo: a crença ou a religião cristã. F. de ofício: a) folha de serviços de um funcionário ou de um militar; b) fé baseada na honra do cargo ou profissão de quem atesta ou abona. F. de réu: certidão pela qual o oficial público declara haver citado alguém para qualquer fim. F. divina: crença que se apóia na revelação. F. humana: a que se assenta na autoridade dos homens. F. implícita: a que, sem prévio exame, se deposita em alguma coisa. F. pública: confiança que as instituições ou os magistrados públicos nos inspiram. F. púnica: promessa desleal, traição. "Mais vale a fé que o pau da barca" (provérbio): aplica-se quando algo aconteceu como por milagre. Boa fé: a) convicção de agir de acordo com a lei; b) ausência de má intenção. Má fé: má intenção; maldade.

cin.za
sf (lat vulg *cinisia) 1 Resíduo mineral que resta após a combustão completa de substâncias combustíveis, tais como o carvão. 2 Aniquilamento, luto. 3 Oídio que afeta o feijão na época das neblinas. adj Cinzento. sf pl Restos mortais; memória dos finados; restos ou memórias de coisas extintas; mortificação. C. de ossos: a) resíduo branco, poroso, de ossos calcinados, que contém principalmente fosfato tribásico de cálcio e é usado especialmente no fabrico de copelas, cerâmica e vidro, e para limpar jóias; b) fosfato tribásico de cálcio sintético, usado semelhantemente. C. vulcânica: produto sólido e pulverulento das erupções vulcânicas.

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