sábado, 3 de janeiro de 2009

A água cai, gelada,
abre um buraco na minha cabeça, desce meu corpo.
Congela outra meus pensamentos como se isso ainda fosse necessário,
mas neutraliza a minha frustração, que vai com a água,
vai até os pés, mas não sai, fica lá embaixo parada um tempo,
dando um tempo
para me escalar outra vez de novo.
E a água fria esfria cada fio do meu pensamento, fio da minha meada,
e me lembra como são poucos os fios de cabelo que sobraram, mas isso nem me abate tanto mais.
E, ainda que eu viva conscientemente nesse vácuo afônico e claustrofóbico entre os anos, as más notícias e tudo que de desagradável há parecem não se importar em percorrer essa distância toda de mãos dadas e bater na minha porta e assustar meu gato parado sentado no parapeito da janela,
a única companhia que insiste em ficar, com execeção dessa tosse asmática.


Rafael Lemos. 03-01-'09

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