quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Porque qualquer dia desses eu vou.
Vou para o fim do mundo,
para conhecer o Brasil,
posto que é preciso conhecer o Brasil, é sim.
E morar numa casa de paredes quatrocentenárias
que não precisam ser paredes erguidas a mando de sobrenomes com o mesmo tempo
ou mais antigos ainda.
Podem nem ser quatrocentenárias, e provavelmente não serão.
Mas precisam ser paredes mudas e paredes firmes.
Paredes que vão calar quando perguntadas por estranhos a meu respeito.
Paredes que vão conter minha cabeça de não voar para fora dali e
vão
escutar-me quando houver a necessidade de falar das minhas lembranças,
pois é o que acho que serei, um lembrador, um coletor de memórias, um
amante na reclusão da minha eternidade de gravador e papel.
Porque a eternidade de moço, essa já escorreu das mãos, tinha que ter sido resolvida antes antes
mas não foi, não,
não, não foi. Agora quem vai sou eu.
E a eternidade das cópias carbono, estas, ainda possíveis,
estranhamente não me satisfaz.
Deve ser porque eu não enxergo o que está pela frente, só o que está de ruim.
Pode ser, pode ir. Que agora eu vou.

Rafael Lemos. 07-01-'09

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